Não faltou entrega aos jogadores |
Rui Vitória surpreendeu ao deixar Pizzi no banco dos suplentes, colocando Gabriel a fazer companhia a Gedson no centro do terreno. Também Cervi foi aposta no lugar de um Rafa que foi dos poucos a fazer uma exibição aceitável no último jogo. Registo para a presença de Krovinovic no banco, num regresso à competição que se saúda. Também a assinalar a passagem direta de João Félix do onze titular para a bancada.
Suplentes: Svilar, Alfa Semedo, Krovinovic, Pizzi (75'), Rafa (48'), Seferovic (55') e Castillo. |
Jogo intenso mas também calculista
O jogo começa com uma diagonal de Grimaldo para o meio concluída com um remate forte que o guarda-redes adversário defendeu com segurança. Quase de seguida foi Cervi a aparecer dentro da área e a rematar para defesa do guarda-redes para canto. Este início do jogo poderia indiciar um Benfica em pressão alta na procura do golo mas isso não correspondeu à realidade. O Benfica jogou em bloco baixo retirando a profundidade que o Ajax tão bem sabe aproveitar e procurando as saídas rápidas.
A intensidade era a nota dominante no jogo com muita luta a meio campo onde os jogadores do Ajax eram normalmente mais rápidos sobre a bola. Num desses lances de intensidade o central holandês tem uma entrada com o cotovelo sobre Jonas que lhe deveria ter valido a expulsão. O árbitro nem falta marcou. Apesar do susto Jonas voltou ao jogo e pertenceram-lhe os principais lances de perigo, primeiro num forte remate de meia distância, depois quase aproveita uma brincadeira do guarda-redes do Ajax e finalmente faz o golo concluindo com classe um lançamento lateral de Salvio. Quase de seguida esteve perto do segundo num cabeceamento a livre de Grimaldo.
Odysseas tem que rever a formação das barreiras |
Jogo partido como não interessava
A segunda parte trouxe-nos um jogo mais incaracterístico, mais partido e menos cerebral, algo que não convinha ao Benfica. As lesões do Salvio e Jonas, que já vinham da primeira parte, também não ajudaram nada à tranquilidade da equipa. Dois ou três erros na saída de bola foram o sinal claro dessa maior intranquilidade e deram alento a um Ajax que até então se mostrava incapaz de criar situações de golo em bola corrida.
Cervi traz irreverência e agressividade à equipa |
Num momento em que vive sobre brasas a equipa fez um jogo razoável e esteve muito perto de o poder vencer. Não vencendo, embora não matematicamente, acaba por dizer adeus à competição. Resta garantir o objetivo mínimo que é a presença na Liga Europa. Segue-se a visita a Tondela que vai ser jogada sobre brasas ainda mais quentes e que se espera que se salde por uma vitória antes da paragem para as seleções. Depois será altura de quem dirige tomar as medidas que se impõe para bem do Benfica.
Momento | Positivo | Negativo
Minuto 94: Teria sido justo retribuir ao Ajax o golo no último minuto dos descontos da partida. Infelizmente Gabriel não foi capaz de bater o guarda-redes adversário. | |
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Grimaldo: Grande jogo do lateral esquerdo do Benfica. Logo no primeiro minuto deu o mote para a irreverência que apresentaria durante todo o jogo. | |
Lesões: Jonas e Salvio que estavam a ter um desempenho bastante positivo foram mais uma vez vítimas da constante vaga de lesões que assola o clube. Quando as coisas correm mal... |
Aqui que ninguém nos ouve:
- Em duas semanas o ambiente que rodeia a equipa do Benfica desceu do céu ao inferno. Salvo casos pontuais não se pode acusar os jogadores de falta de entrega. Provavelmente o excesso de entrega até tem tirado algum discernimento em momentos de decisão. Apesar disso os resultados não aparecem e as exibições também são pouco conseguidas. Cabe portanto à direção avaliar se o grupo de trabalho está com o treinador e se este tem ou não condições para continuar.
- Não conhecia Gabriel antes de vir para o Benfica mas sempre ouvi dizer que tinha uma boa meia distância. No primeiro jogo dele que vi no Benfica fez uso dessa característica e até aqui referi que vinha colmatar uma lacuna de muitos anos. Hoje teve várias oportunidades para a aplicar e nunca o fez. É um bom exemplo da influência que o ambiente atual acaba por ter no rendimento dos jogadores.
- Penso exatamente como Rui Vitória: se os lances no último minuto de ambos os jogos tivessem desfecho inverso o Benfica estava a um passo da classificação. Acontece que já são muitos os "ses", já são muitos os "pormenores" que caem para o lado do adversário. A paciência já está esgotada para esse discurso.
- Se fosse aplicado ao central do Ajax o rigor que tem sido aplicado aos centrais do Benfica teríamos jogado contra dez mais de 80 minutos. Além dele também o lateral esquerdo deveria ter sido expulso ainda na primeira parte se lhe tem sido mostrado o amarelo quando pontapeou André Almeida. Apesar das muitas culpas próprias, têm sido vergonhosas as arbitragens dos jogos do Benfica, quer a nível nacional quer europeu.
Abraço