terça-feira, 19 de setembro de 2017


A reflexão que se impõe – A Prospeção

Benfica Futebol Nico Gaitan
Nico Gaitan é um exemplo perfeito do que se pretende
O momento atual do Benfica justifica uma paragem para refletir no que tem sido o caminho percorrido desde a conquista do Tetra Campeonato. No desporto em geral e no futebol em particular é muito ténue a linha que separa o sucesso do fracasso. Pela fragilidade dessa linha e pela existência de todo um conjunto de variáveis mais ou menos incontroláveis, torna-se arriscado, e por muitas vezes injusto, avaliar os resultados apenas como consequência das opções tomadas.
Tal não invalida, bem pelo contrário, que não devamos procurar analisar todas as opções tomadas e as suas consequências no atingir do objetivo proposto. Por isso numa série de artigos vou abordar um conjunto de áreas, tentando perceber as ideias por trás das decisões tomadas e procurando encontrar novos caminhos e soluções:

A Prospeção

Benfica Futebol Nelson Semedo
Nelson Semedo, do Sintrense ao Barcelona
Num universo concorrencial como é o futebol a prospeção adquire uma importância proporcional aos valores praticados no mercado de transações. Como é do conhecimento geral os valores estão completamente inflacionados fruto da entrada de novos investidores, principalmente chineses e árabes, e dos valores estratosféricos que a venda dos direitos televisivos da Premier League atingiu. Num cenário em alta como este, mais importante se torna para um clube como o Benfica o chegar primeiro e cada vez mais cedo aos novos valores emergentes.
O Benfica tem sido particularmente ativo nesta área ao longo dos últimos anos ao apostar em jovens promessas do futebol internacional. O radar tem incidido sob jogadores com potencial, mas com valores de mercado ainda acessíveis à nossa realidade. A aposta consiste na valorização do futebolista retirando rendimento desportivo durante uma ou duas épocas, transferindo-os posteriormente para os mercados mais endinheirados.

Aposta na quantidade para encontrar a qualidade

Genericamente pode-se dividir os alvos da prospeção em dois grupos: aqueles que implicam um investimento já substancial, em menor número; e outros onde o investimento é menor, estes já em grande quantidade.
No primeiro grupo encontramos jogadores como Di Maria, Gaitan, Ramires ou Franco Cervi; no segundo grupo temos os exemplos de Pawel Dawidowicz, Victor Lindelof ou John Murillo.
No segundo grupo o maior problema encontra-se na gestão da quantidade já que temos tido dezenas de jogadores cujo investimento ronda um/dois milhões de euros, totalizando uma quantia surpreendente quando se começa a fazer contas. Por entre essas dezenas vai surgindo um ou outro caso de qualidade acima da média cuja valorização tem permitido contrabalançar os outros investimentos falhados. Importa neste tipo de investimentos apertar cada vez mais a malha na escolha dos jogadores.

Minimizar riscos em Investimentos mais avultados

No caso dos jogadores que envolvem um investimento mais avultado os riscos são outros e relacionam-se quase sempre com a capacidade de adaptação do atleta. Normalmente são jogadores vindos do mercado sul-americano, aos quais se têm juntado ultimamente atletas oriundos dos Balcãs.
Com estes jogadores é fundamental o trabalho da estrutura na sua adaptação. É importante dar tempo ao tempo para que o atleta se integre e procurar mentalizar os adeptos para que sejam pacientes de forma a não colocarem pressão extra em cima do jogador.
Nos últimos anos tem sido feito um outro tipo de aposta: jogadores muito jovens que implicam um investimento já considerável, mas não apresentam ainda capacidades para fazer parte das opções regulares do treinador. Refiro-me a jogadores como Bryan Cristante, Luka Jovic ou Chris Willock.
Benfica Futebol Chris Willock
Chris Willock soma minutos na B. Um bom exemplo!
Neste caso o maior problema tem sido a gestão das expectativas do jogador. Normalmente já são idolatrados no clube de origem e estão convencidos que vão chegar a um país pequeno e vão continuar a ser as estrelas. Tal não se coaduna com a realidade já que hoje em dia para fazer parte do núcleo duro do plantel do Benfica é necessária muita qualidade.
O sucesso deste tipo de contratações passa muito pela capacidade de colocar estes jogadores a jogar motivados na equipa B, até que se abram as portas da equipa A. É preciso trabalhar muito a mentalidade destes jogadores para que se “sujeitem” a jogar em estádios muito mauzinhos, com meia dúzia de espectadores, fazendo-lhes ver que só assim chegarão ao topo.

Contratações para o “onze”

Quanto à prospeção de jogadores para fazer parte do núcleo duro do plantel, dos potenciais titulares, a avaliação dos alvos contratados é muito díspar. Há situações para todos os gostos no lote de jogadores contratados nas últimas três épocas: Carcela, Carrillo, Celis, Cervi, Douglas, Filipe Augusto, Gabriel Barbosa, Krovinovic, Mitroglou, Rafa, Raúl Jiménez, Seferovic e Taarabt.
Descontando os contratados para esta época que ainda é precoce avaliar; encontramos casos de sucesso, flops e outros que sem serem indiscutíveis foram revelando a sua utilidade. Do meu ponto de vista neste tipo de contratações o mínimo que se exige é que pelo menos metade sejam titulares indiscutíveis. A percentagem anda muito longe disso pelo que importa ser muito mais assertivo neste tipo de contratações.

O que eu penso?

Considero que no global a prospeção do Benfica em termos de apostas de médio/longo prazo tem estado num nível bastante aceitável. Há sempre margem para melhorar; um critério cada vez mais apertado na seleção, um trabalho de integração e adaptação cada vez mais individualizado e paciente, e uma gestão das expectativas do jogador clara e realista, parece-me ser a fórmula de sucesso. Este último ponto será aquele onde há ainda muita margem para melhorar.
Quanto à contratação de jogadores para o imediato, para acrescentar qualidade ao “onze” há mesmo muito por onde melhorar. Mais vale contratar um ou dois verdadeiros reforços por ano do que quatro ou cinco que pouco acrescentem.
Se as contratações a médio/longo prazo forem acertadas, somadas aos jogadores de qualidade que estão para surgir da formação ainda mais se justifica que as contratações para o “onze” sejam cirúrgicas e pontuais.
Benfica Futebol Óscar Cardozo
Óscar Cardozo à chegada ao Benfica

#naomefodas mode on
  • Fds, saudades de ver chegar ao aeroporto um gajo que se possa dizer: “é este e mais dez”. Tipo o Deus Aimar, ou o Óscar Cardozo à patrão de óculos de sol.
  • Não me venham com as conversas “…muito entulho, os Veras e tal…”. Eu vi muitos jogos do Lindelof nos juniores e na B e para mim não passava de um Vera. Para teres um Lindelof vais ter sempre dez Veras. Se puderes ter só sete ou oito Veras, ótimo.
  • O Semedo e o Manuel Liz foram contratados ao Sintrense em 2012. Fds, mais entulho! São primos de quem? Um está no Barça, o outro…
  • Taarabt? Saiu caro, mas vai ser o homem do hexa, crl! Leram aqui primeiro.
  • Óbvio que nem me referi às “oportunidades de negócio” ou contratações “pró carrossel” isso não tem nada que ver com Prospeção. Nem devia ter nada que ver com o Benfica.
#naomefodas mode off



Abraço

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